Conferência “Quando o cinema liga culturas: A ficção cinemática de Rubem Fonseca”, Helena Lopes (Docente ISCAP / Doutoranda FLUP) | 1 de Março de 2013

1 de Março de 2013 | 16.00 | ISCAP

RESUMO

Esta apresentação centra-se na influência que os mecanismos cinematográficos exerceram sobre as técnicas literárias em dois momentos históricos: o modernismo e o pós-modernismo literários. 
Assimilando o cinema enquanto novidade tecnológica, a literatura modernista estabeleceu intertextualidades com o fílmico que serviam sobretudo para exprimir valores de estranhamento, obscuridade e ilegibilidade teorizados por uma poética modernista confinada às elites.
A literatura pós-modernista, pelo contrário, recebe o cinema como algo a que os seus leitores estão acostumados, um hábito ou vício. Quando a literatura pós-modernista apropria técnicas cinematográficas elas vão, pelo diferente contexto, promover antes no texto a legibilidade (Suleiman), o efeito de real (Barthes), a e imediação (Bolter & Grusin), características que tornam o livro acessível a um vasto público de leitores.

A título de exemplo, debruçar-nos-emos sobre o caso emblemático do escritor brasileiro pós-modernista Rubem Fonseca. A ficção literária de Fonseca é representativa desta tentativa de “fechar o hiato” (Fiedler) entre a cultura erudita e de massas através da apropriação de um médium de massas como o cinema. A sua prosa rápida, enxuta e carregada de acção convida o leitor a preencher os gaps narrativos e visuais do romance com recurso à sua experiência de interpretação da sintaxe fílmica. Ao apropriar-se de códigos do cinema clássico Norte-Americano ainda prevalentes nas cinematografias contemporâneas (Bordwell), Fonseca consegue ser um autor aplaudido pela crítica e ao mesmo tempo um sucesso de vendas.

Nota Biográfica

Helena Lopes é professora de Inglês no ISCAP e doutoranda na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde está a preparar uma tese intitulada Há um filme neste texto? Aspectos cinemáticos da ficção literária de Rubem Fonseca e de Paul Auster. Foi bolseira da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e colaboradora num projecto de investigação nacional sobre Estudos Utópicos. Publicou artigos em periódicos como a Malasartes ou o Jornal das Letras, Artes e Ideias e publicou ensaios em antologias, nomeadamente: Novos Caminhos da História e da Cultura (2007); Jovens Ensaístas Lêem Jovens Poetas (2008); Relational Designs in Literature and the Arts (2012), editado pela Rodopi. Colaborou ainda em Poemas Portugueses. Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI (2009). Já apresentou mais de uma dezena de poetas portugueses contemporâneos em diversos eventos culturais, mais recentemente Manuel António Pina e Rui Lage, no âmbito das tertúlias que organiza na terceira quinta feira de cada mês na Livraria Leitura Books & Living do Shopping Cidade do Porto, pelas 21h30.


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