20 de Maio de 2016 | 15.00 | ISCAP
RESUMO
A prática da tradução, que podemos fazer remontar ao princípio dos tempos, quando duas comunidades falantes de diferentes sistemas linguísticos precisaram de entrar em contacto, esteve ao serviço de objetivos diversos: trocas comerciais, esforços diplomáticos, intenções hegemónicas, curiosidade intelectual. Em qualquer caso, as duas línguas em questão foram necessariamente alvo de comparação, de avaliação e de reflexão mútuas, o que acabou por resultar em igualmente mútuas interferências.
As transformações não se situaram porém nos limites estritos das questões linguísticas: as traduções alteraram (e alteram) os próprios invólucros em que as línguas se manifestam, como os modelos genológicos ou textuais e os diferentes modos estilísticos de expressão. Particularmente interessante para o mundo ocidental foi, a esse respeito, a mudança do paradigma clássico para a revolução romântica, entre os finais do século XVIII e as primeiras décadas do século XIX, que proporcionou sem dúvida uma alteração radical na literatura, mas que obrigou também a uma reflexão intensa sobre a própria tradução, uma vez que sob a designação de textos traduzidos se acolhiam diferentes realidades, como adaptações, pseudo-traduções ou imitações. Foi porém em grande medida graças a todo esse informe corpo textual que nasceu a literatura tal como a entendemos nos nossos dias e que as modernas reflexões sobre tradução puderam alicerçar-se.
Nota biográfica
Luísa Benvinda Álvares é docente no ISCAP, onde tem lecionado diversas unidades curriculares das áreas disciplinares de Português, de Francês e de Tradução, membro do CEI e tradutora freelance de obras literárias. Na confluência dessas atividades, obteve o título de especialista em Línguas e Literaturas Estrangeiras, com um trabalho de índole profissional sobre a tradução literária.
Os seus interesses residem sobretudo nos estudos textuais, nas literaturas e culturas francesa e portuguesa e na teorização e prática da tradução.