
No passado dia 17 de março de 2025, os estudantes da da Unidade Curricular de Língua e Cultura Chinesa para Negócios II do Mestrado em Intercultural Studies for Business do ISCAP-P.PORTO reuniram-se na Casa Comum para assistir a uma palestra pública proferida pelo especialista em Estudos Chineses da Universidade de Aveiro, António Graça de Abreu. O tema da palestra foi “Traduzir a grande poesia chinesa: classicismo, fascínio e modernidade. E ainda uma breve viagem pelo teatro e romance chinês”.
Durante a palestra, o Professor António Graça de Abreu partilhou a sua vasta experiência de trabalho na China, explorando os desafios e soluções que encontrou ao traduzir a poesia clássica chinesa para o português. Abordou as dificuldades linguísticas e culturais que surgem nesse processo, oferecendo valiosas ideias para superá-las. A partir de uma perspetiva de literatura comparada, o Professor Abreu estabeleceu conexões entre os poetas da China antiga e os poetas e escritores de Portugal e Brasil, sublinhando como a beleza da poesia pode transcender as barreiras linguísticas e culturais, permitindo que pessoas de diferentes origens apreciem a mesma arte.
O profundo conhecimento do orador sobre a cultura chinesa foi também evidenciado pela sua familiaridade com a história antiga da China. Durante o tempo em que trabalhou na China, ele teve a oportunidade de visitar várias cidades e casas natais de poetas famosos da dinastia Tang e outras dinastias, e assim vivenciar pessoalmente as paisagens descritas nas poesias que traduz. Este contacto direto com o património cultural chinês enriqueceu ainda mais o seu trabalho de tradução.
Na parte final da palestra, o Professor Abreu partilhou as suas reflexões sobre a tradução de poesia por inteligência artificial (IA). Embora reconheça as vantagens da IA como uma ferramenta conveniente, ele destacou que, no caso da poesia — uma forma literária que toca profundamente o coração humano e contém emoções e estéticas subtilmente trabalhadas —, as traduções feitas por IA frequentemente carecem da “sensibilidade” necessária. Para Abreu, a tradução poética não é apenas uma questão de converter palavras, mas de transmitir cultura, sentimentos e a essência da arte, algo que, na sua opinião, a IA ainda não consegue fazer com a mesma profundidade e delicadeza do tradutor humano.
Esta palestra proporcionou aos estudantes uma compreensão mais profunda da poesia clássica chinesa e do trabalho de tradução, ao mesmo tempo que estimulou uma reflexão sobre a transferência de sentimentos e significados entre culturas por meio da linguagem.