13 de Dezembro de 2013 | 16.00 | ISCAP
RESUMO
A ideia de comunidade lusófona remete-nos geralmente para indivíduos de origem e etnia portuguesa e para países e territórios cuja ligação histórica com Portugal remonta a um passado mais ou menos distante. A língua portuguesa é nesses locais oficial, embora seja quase sempre utilizada com adaptações locais. São estes os “cidadãos lusófonos” em quem vulgarmente se pensa ao abordar temas relativos à lusofonia.
Porém, se consultarmos a lei portuguesa, verificamos que independentemente da sua origem os imigrantes residentes em Portugal, bem como os seus filhos, podem, sob certas condições, adquirir a nacionalidade portuguesa, tornando-se assim igualmente membros da comunidade lusófona.
Mas o que sabemos nós desses outros, que podem ser moldavos, russos ou chineses, que partilham connosco a lusofonia?
Não podemos esperar que em troca da nacionalidade que lhes é dada, surja espontaneamente nessas pessoas um sentimento de portugalidade e de inserção numa comunidade de falantes de português. Para que isso aconteça, é necessário que, ao invés de indiferença, demonstremos interesse por eles e pela sua cultura, pois essa atitude de empatia pode fazer despertar um empenho intercultural reciproco, que facilitará a integração social dessas pessoas e enriquecerá culturalmente todas as partes envolvidas. Essa aproximação pode ser um importante fator de transformação desses cidadãos em verdadeiros membros da comunidade lusófona.
São estes pressupostos que tornam importante conhecer alguns aspetos culturais desses outros portugueses, já que o conhecimento leva à compreensão e esta pode ser a melhor forma de combater a exclusão e o preconceito. Entre esse grupo originário de países não lusófonos estão os chineses, cuja cultura é em muitos aspetos desconhecida em Portugal. Esse desconhecimento justifica que dela se fale, sobretudo no que toca aos aspetos relacionados com as mulheres, já que são elas através da maternidade e da educação dos filhos pequenos, as mais envolvidas na transmissão cultural.
Pretende-se assim contribuir para um maior conhecimento de um povo que através do seu exotismo cultural, enriquece a sociedade portuguesa e a comunidade lusófona.
Nota biográfica
Isabel Pinto é natural de Lisboa tendo residido aí, bem como em Angola, Moçambique e Macau, residindo actualmente no Porto. Licenciada em Enfermagem, profissão que exerce, é mestre em estudos interculturais e doutorada em estudos asiáticos. Tem participado com regularidade em congressos e colóquios relacionados com as suas áreas de estudo, faz parte do Gabinete de Apoio e Consultadoria à Investigação da Secção Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros e é membro do CEI (Centro de Estudos Interculturais) do Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto. Destacam-se entre os trabalhos publicados, os livros O Comportamento Cultural dos Macaenses Perante o Nascimento (tese de mestrado) e A Comunidade Macaense em Portugal: alguns aspectos do seu comportamento cultural (tese de doutoramento). A tese de doutoramento foi galardoada pela Academia de Ciências de Lisboa com o prémio Agostinho da Silva no ano lectivo 2008/2009.