Conferência “Da Imagem ao Diálogo Interartístico”, Maria João Cameira (CEI – ISCAP) | 22 de Janeiro de 2016

22 de Janeiro de 2016 | 15.00 | ISCAP

RESUMO

Na poesia de Luiza Neto Jorge existe uma verdadeira poética do olhar, uma espécie de poder de encantação que permite o estabelecimento de nexos de continuidade com as artes visuais. Partindo desta premissa, pretende-se relacionar a poesia de Luiza Neto Jorge com a pintura, o cinema, a música, o teatro, a arquitetura e a escultura. Este percurso culmina no Surrealismo que torna equivalentes figura e imagem poética, considerando a função imageante da imagem nas reflexões de Gaston Bachelard, Yvon Belaval e, mais recentemente, Octavio Paz e Yves Bonnefoy, todos eles marcos importantes na equiparação da poesia e da imagem. Nos ensaios poetológicos e retóricos do século XX, no ato da criação e do poema como matéria verbal, o papel da imagem passa a ser o de apresentar e não mais o de representar. Com base na definição de André Breton, a imagem contraria o conceito harmonioso de beleza tradicional, acasalando realidades aparentemente inacasaláveis e adquirindo um caráter delirante, fantástico e até diabólico. Este tipo de imagética é reforçada por uma escrita de excessos que se aplica à crítica de uma sociedade caraterizada por um consumo em demasia.

Nota biográfica

Maria João Mesquita Marçal Cameira é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, Estudos Portugueses e Franceses pela Universidade do Porto, mestre em Literaturas Comparadas Portuguesa e Francesa pela Universidade Nova de Lisboa, doutorada em Literaturas e Culturas Românicas pela Universidade do Porto e professora de língua portuguesa, francesa e tradução no Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, Instituto Politécnico do Porto, desde 1991.


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