Conferência “Histórias de Vidas entre o Ocidente e o Oriente: Narrativas de Mulheres em Tempos de Guerra”, Isabel Pinto (CEI – Univ. Porto) | 6 de Junho de 2008

6 de Junho de 2008 | 16.00 | ISCAP

RESUMO

Devido à sua situação geográfica e especificidade política, Macau embora nunca se tivesse envolvido directamente em qualquer guerra, sofreu a influência dos grandes conflitos armados que atravessaram a região nos finais do século XIX e primeira metade do século XX.

Foi a partir de Macau que Sun Yat-sen, recolheu fundos para criação do partido nacionalista, o Kuomintang, por si fundado e cujo líder mais conhecido viria a ser Chiang Kai-shek. O seu objectivo era derrubar o regime imperial chinês e proclamar a república, o que conseguiu em 1911 com a queda do último imperador. A partir daí o conturbado mundo chinês assiste à proclamação da república em 1912, à formação do partido comunista em 1920, e ao início da guerra civil entre comunistas e nacionalista em 1927, guerra essa que se prolongará até 1949.

Em 1937, o Japão invade a China, envolvendo-se posteriormente na segunda guerra mundial arrastando para essa guerra também a China, na altura sob o seu domínio. O País só recuperou a sua soberania territorial com o fim da segunda guerra, em 1945.

A proximidade com estes conflitos levou a que os habitantes de Macau sentissem a vida marcada e delineada pela guerra, pela miséria e pela dor.

As mulheres e crianças, porque mais desprotegidas, vulneráveis e com menores recursos, foram talvez quem mais sofreu. É sobre elas que este estudo incide, apresentando as histórias de vida de quatro mulheres, Amália, Joana, Brígida, Irene, que decorreram num tempo histórico particular e num contexto de transformações sociais, políticas e económicas. São três gerações que sucessivamente vão casando com militares portugueses, aos quais se deve acrescentar ainda um polícia de Macau.

A vida leva-as a conhecer o abandono, a viuvez e a orfandade. São histórias ligadas a uma situação social que era comum entre filhas de casamento interétnico e cuja opção matrimonial passava pelos seus pares, ou pelo casamento com portugueses geralmente militares. Nesse matrimónio esperavam encontrar estabilidade financeira, bem como um processo de protecção e promoção social mas que por vezes não resultava favoravelmente.


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